Desde quando
paramos de ensinar nossas crianças a pensarem?
Paulo Freire
em seu livro “A Pedagogia da Autonomia” diz que
“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de
intervenção no mundo.”
Gosto de palavras fortes que dizem o
que querem dizer. Na citação acima encontramos duas palavras que hoje, com a
relativização de quase tudo, parecem às vezes ofensivas: exige e intervenção.
Educar
exige sim, exige atenção, comprometimento, disponibilidade de tempo para o
conhecimento do outro, suas ansiedades e possibilidades.
Saber, já
dizia o nosso velho e querido Sócrates, é saber ensinar. É exatamente isto que
fazia de Sócrates um mestre para os
jovens que todos os dias iam ouvi-lo nas ruas e praças de Atenas.
Sócrates sabia ensinar virtude.
Sócrates ensinava pelo método maiêutica, isto quer dizer a arte de dar a
luz (Parto) , trazer a luz ao conhecimento. Fazia com que a pessoa se
conscientizasse de que nada sabia e iam construindo o conhecimento juntos. É a
técnica do questionamento através dos diálogos.
No entanto, sabia ensinar virtude
por aquilo que dizia e por aquilo que fazia.
Sócrates era, portanto, um mestre
para os jovens atenienses porque sua inegável virtuosidade oratória
correspondia a sua não menos inegável virtuosidade como cidadão, isto é, a sua
vida exemplificava radicalmente suas palavras, e suas palavras expressavam sua
vida.
A
formação da consciência não acontece por acaso, mas através de pais e
educadores que estejam persuasivamente prontos a partilhar com suas crianças
por meio de palavras, de exemplos, princípios e valores, que efetivamente as
tornarão indivíduos pensantes, capazes de intervir no mundo.
Há
que se ensinar às nossas crianças a pensarem nos altos valores que ordenam a
cidadania, através de palavras e exemplos.
Como
educador é meu dever construir uma relação dialética com o educando para que de
fato este tenha oportunidade de criticar, perguntar e subjetivar, conforme sua
compreensão dos fatos que o circundam. Porém, como todo ato educativo é dotado
de intenções, cabe-nos, questionar e posicionarmo-nos em relação às questões da
experiência humana de forma compreensiva e respeitosa para que sejam construídas
referências morais que servirão de base para construção do caráter de nossos
observadores infantis.
Educar
indivíduos conscientes e responsáveis para intervirem na sociedade é nossa
nobre tarefa, não podemos nos eximir desta missão se queremos no presente e no
futuro uma sociedade mais justa e melhor, menos corrupta e intolerante.
Nesse
sentido é fundamental em nossa trajetória como educadores legar aos educandos uma
tradição ética e cidadã diante do outro e da vida tal qual se nos apresenta.
Quão dispostos estamos a escutar, no ato de educar?
- Marta Barbosa
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