quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ensinar a Pensar – Tarefa Nossa


Desde quando paramos de ensinar nossas crianças a pensarem?
Paulo Freire em seu livro “A Pedagogia da Autonomia” diz que
“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo.”

Gosto de palavras fortes que dizem o que querem dizer. Na citação acima encontramos duas palavras que hoje, com a relativização de quase tudo, parecem às vezes ofensivas: exige e intervenção.

Educar exige sim, exige atenção, comprometimento, disponibilidade de tempo para o conhecimento do outro, suas ansiedades e possibilidades.

Saber, já dizia o nosso velho e querido Sócrates, é saber ensinar. É exatamente isto que fazia  de Sócrates um mestre para os jovens que todos os dias iam ouvi-lo nas ruas e praças de Atenas.

Sócrates sabia ensinar virtude.

Sócrates ensinava pelo método maiêutica, isto quer dizer a arte de dar a luz (Parto) , trazer a luz ao conhecimento. Fazia com que a pessoa se conscientizasse de que nada sabia e iam construindo o conhecimento juntos. É a técnica do questionamento através dos diálogos.  

No entanto, sabia ensinar virtude por aquilo que dizia e por aquilo que fazia.

Sócrates era, portanto, um mestre para os jovens atenienses porque sua inegável virtuosidade oratória correspondia a sua não menos inegável virtuosidade como cidadão, isto é, a sua vida exemplificava radicalmente suas palavras, e suas palavras expressavam sua vida.

A formação da consciência não acontece por acaso, mas através de pais e educadores que estejam persuasivamente prontos a partilhar com suas crianças por meio de palavras, de exemplos, princípios e valores, que efetivamente as tornarão indivíduos pensantes, capazes de intervir no mundo.

Há que se ensinar às nossas crianças a pensarem nos altos valores que ordenam a cidadania, através de palavras e exemplos.

Como educador é meu dever construir uma relação dialética com o educando para que de fato este tenha oportunidade de criticar, perguntar e subjetivar, conforme sua compreensão dos fatos que o circundam. Porém, como todo ato educativo é dotado de intenções, cabe-nos, questionar e posicionarmo-nos em relação às questões da experiência humana de forma compreensiva e respeitosa para que sejam construídas referências morais que servirão de base para construção do caráter de nossos observadores infantis.

Educar indivíduos conscientes e responsáveis para intervirem na sociedade é nossa nobre tarefa, não podemos nos eximir desta missão se queremos no presente e no futuro uma sociedade mais justa e melhor, menos corrupta e intolerante.

Nesse sentido é fundamental em nossa trajetória como educadores legar aos educandos uma tradição ética e cidadã diante do outro e da vida tal qual se nos apresenta.

Quão dispostos estamos a escutar, no ato de educar?

- Marta Barbosa

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