quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Do Cotidiano


Do Cotidiano

Nada como a experiência. Repetimos essa sentença graves e entendidos do assunto tratado, vi, foram muitas vezes, a experiência tratada nesse tom de coisa-objeto me perguntando o que fizemos com a emoção. Dirijo-me, especialmente, a quem tem como oficio ensinar, convido meus colegas a refletir sobre o calo que pode criar o cotidiano de quem não se reinventa através da emoção. Acreditem, a experiência pode se tornar caduca e estéril se ignorarmos a emoção das novidades de todos os dias.

Repetindo o que compartilhamos na Oficina, nos valendo, inclusive, das palavras da deliciosa Elisa Lucinda, venho aqui para lembrá-las de que cotidiano e repetição não são, não podem ser, sinônimo de tédio nem de experiência. Ambos (tédio e experiência) não cabem, por definição na rotina do professor.

Vejamos, segundo o Dicionário do Aurélio:

Tédio: s.m. Fastio, aborrecimento, nojo, desgosto.


Se considerarmos a espera do outro (o aluno) pela hora em que abriremos mais uma vez as portas das coisas de aprender, os sentimentos do tédio se esvairão. Disse isso ao meu próprio ouvido essa semana, quando outras atribulações contaminavam meu humor, azedando-o. Receio que a maioria de nós já suspirou, “Tudo o que eu queria era não ter de entrar em sala hoje!”.

Acontece, mesmo! Todavia, se a emoção for convocada, ela acode. Se, quando do azedume, esfregarmos nossos olhos, veremos os meninos ali disponíveis, acessíveis, prontos para nos receber. Sim, nos receber, algo me diz que eles recebem a pessoa do professor antes de receber o conhecimento, que é pela emoção, pelo afeto, que se abre caminho para qualquer matéria ou assunto. É mister que se faça o esforço de não alimentar o fastio, o aborrecimento, o nojo e o desgosto dos dias que assim se nos apresentam.

 

Experiência: s.f. Ação ou efeito de experimentar; conhecimento adquirido pela prática da observação ou exercício: ter experiência. / Ensaios, tentativas para verificar ou demonstrar qualquer coisa: fazer uma experiência.

 

A experiência, de tão viva, é quase uma entidade a nos acompanhar. Não tem experiência quem tem vinte anos de casa, a experiência beneficia o que vive vinte anos de casa, de profissão, de escolha. Experiência não se acumula se inventaria. De que servem as coisas que abandonamos ao acúmulo, que não revisitamos, que não inventariamos? Se não for dada à experiência atenção devida caem no esquecimento os ensinamentos que a generosidade da vivencia nos proporciona.    

Exercício não é só o da profissão, é o de viver. Tomemos para nós a responsabilidade de, não só estar, mas ser no mundo. Fácil, não se pode dizer que é, mas tal qual o esforço, a recompensa também é diária. 

- Elis Barbosa

Um comentário:

  1. De fato Elis, à experiência deve-se conceder emoção e reinvenção diárias para que a vida e a profissão sejam novas e frutíferas mesmo com o passar do tempo.

    Marta

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